2013 – 35 anos do Pé de Vento

35 Anos do Pé de Vento

2013 

Dezembro / Janeiro

Fundação A LORD (Lordelo)
Sala de Exposições

Continuando a caminhada…

Para assinalar os 35 anos de actividade do Pé de Vento, tanto fora do nosso local de trabalho – O Teatro da Vilarinha – como fora do Porto, onde desde sempre estivemos sedeados, o convite da Fundação ALord (fundação da Cooperativa de Electrificação de Lordelo/Paredes), mostrou-nos ser o lugar para, numa só exposição, apresentarmos uma síntese do que têm sido dois dos vectores principais do nosso trabalho: a criação teatral, e os brinquedos antigos. 

Lembremos que, em Junho de 1978, antes mesmo da estreia do primeiro espectáculo – Ventolão, o maior intelectual do mundo, de Manuel António Pina – abria também na Cooperativa Árvore a exposição Brinquedos de Madeira. 

Assim, estão aqui reunidas imagens e objectos que espelham o que tem sido o nosso percurso de intervenção cultural ao longo destes 35 anos.  

Brinquedos de ontem e de hoje 

Não se trata efectivamente de uma “exposição”, no sentido mais estrito e limitativo do termo, mas de tornar possível a misteriosa comunicação dos que aqui vêm – pequenos ou grandes – com a essência de cada objecto, com a realidade que ele prefigura ou simboliza.

Brinquedo de Madeira, objecto mágico: brinquedo de feira para os meninos ricos, brinquedo de festa para os meninos pobres. Brinquedo quantas vezes feito por meninos de aldeias perdidas no tempo, perdidas no espaço. Brinquedo mágico da infância longínqua dos grandes.

E, todavia, quase já não há brinquedos de madeira. “Os brinquedos correntes são de uma matéria ingrata, produtos de uma química, não de uma natureza.” (R. Barthes)

Esta mostra do brinquedo de madeira e de folha é uma iniciativa essencialmente dirigida à inspiração, à criatividade, à curiosidade natural da criança, faculdades tantas vezes inibidas por uma educação repressiva, pela imposição de mitos, valores e padrões de comportamento do mundo dos adultos.

Da tensão entre o jogo e o desejo se gerou esta invenção que é pôr e dispôr ou, se se preferir, projectar uma linguagem mágica num espaço vazio: a semelhança das formas; a ilusão do movimento; a harmonização das cores; a fragilidade e o equilíbrio; a fascinação dos pequenos; a infância perdida dos grandes ou a infinita solidão da marioneta suspensa. Quisemos propor uma leitura-percurso: uma das muitas possíveis. Entre o mais ingénuo artesanato e o mais sofisticado. Entre as peças de fabrico em série e as peças únicas, há, todavia, uma coerência, para além da própria substância utilizada: a dimensão lúdica do acto da criação, a projecção do criador no mundo da invenção, sem que se esqueça que ver é também inventar.