Historial

 

Uma linha contínua

(1978 – 2018)

Toda a trajetória artística supõe diversos percursos e etapas.

Em 1978, quando o grupo de teatro Pé de Vento apresentou o seu primeiro espetáculo – “O Maior Intelectual do Mundo”, com texto de Manuel António Pina –, sabia onde queria chegar, embora desconhecesse as encruzilhadas e os obstáculos que teria de ultrapassar. 

Foi em Fevereiro de 1978 que a S.E.C. atribuiu ao Grupo o primeiro apoio anual e regular, o qual veio permitir que se iniciasse a longa caminhada de quarenta anos que faz do Pé de Vento uma companhia das nascidas no Porto há décadas, e em atividade.

Desde a sua fundação que o Pé de Vento alicerçou a sua direção artística num núcleo impulsionador, constituído pelo encenador João Luiz, pela dramaturgista Maria João Reynaud e pelo escritor Manuel António Pina – autor representado desde os primeiros espectáculos.

O percurso estético, esse, foi sendo construído a par e passo, clarificando-se espectáculo a espectáculo. 

O Projecto do Pé de Vento, pensado para privilegiar o público infanto-juvenil, pautou-se, desde o início, pela fixação de critérios estéticos bem definidos e por uma constante exigência de rigor e profissionalismo. A identidade artística da Companhia resulta de opções claras, decorrentes de uma conceção de teatro onde o texto tem um papel fulcral. A valorização da palavra no espectáculo teatral tem determinado uma escolha criteriosa dos textos, com vista ao aprofundamento do trabalho cénico da linguagem.

Em Dezembro de 2008, a Companhia realizou a exposição Pé de Vento – 30 Anos, na Galeria do Palácio/Biblioteca Almeida Garrett, com apoio do então Diretor Municipal da Cultura, Dr. Matos Fernandes. Uma exposição antológica, onde reuniu todo o seu espólio, fragmentos dispersos que testemunham a efemeridade do teatro – cenários, figurinos, máscaras, adereços, além de textos originais, manuscritos e datiloscritos, entrevistas, recortes de imprensa, programas e a revista Borboletra. E ainda exemplares das edições em livro de textos levados à cena.

A criação de correntes de público regulares fez com que nos empenhássemos na edificação de uma sala de espectáculos no Porto, um dos últimos objetivos delineados no momento da fundação do Pé de Vento, em 1978. A instalação da Companhia de Teatro numa sala de espetáculos própria concretizou-se em 1996.

Depois de ter estado sedeado em vários espaços da cidade do Porto, em 1995 a Companhia Pé de Vento celebrou com a Junta de Freguesia de Aldoar, graças ao empenho e sensibilidade cultural do seu Presidente Acácio Gomes, um Protocolo de Cedência de Instalações que permitiu abrir ao público, em 1996, o Teatro da Vilarinha. 

A edificação do Teatro da Vilarinha, com o financiamento do Ministério da Cultura, do Governo Civil e da Câmara Municipal do Porto, bem como da C.C.D.R.Norte, permitiu que a Companhia Pé de Vento conseguisse não só manter as correntes de público que tinha anteriormente atraído, mas também fidelizar novos públicos, tanto para os seus espectáculos de teatro, como para os espectáculos de dança, de música e de teatro apresentados por outros grupos, em regime de acolhimento praticado regularmente ao longo dos anos.

O facto de optarmos por este tipo de programação tem contribuído para o necessário cruzamento e divulgação de diversas linguagens artísticas e de novas tendências estéticas, de modo a atrair novos públicos e manter a assiduidade de uma boa parte dos nossos espectadores. 

Desde então, o Pé de Vento não só alcançou a estabilização das suas correntes de público, como conseguiu alargar a área geográfica de influência do Teatro da Vilarinha para além da Área Metropolitana do Porto.

O Teatro da Vilarinha constituiu, ao longo de mais de vinte anos, o instrumento fundamental e imprescindível para o desenvolvimento da atividade permanente da Companhia. 

A concretização desta atividade tem sido possível graças ao empenho e ao profissionalismo de dezenas de criadores e de técnicos que, ao longo de quatro décadas, integraram o Teatro Pé de Vento, contribuindo para a afirmação do seu projeto estético e artístico.

Nos 25 anos da Companhia, comemorados em 2003, a Câmara Municipal do Porto atribuiu ao Pé de Vento a Medalha de Mérito – Grau Prata. 

No final do ano de 2013, pelo Despacho n.º 16789/2013 publicado no Diário da República, 2ª Série, nº 251 de 27 de Dezembro de 2013, o Coletivo de Animação Teatral Pé de Vento foi reconhecido como Instituição de Utilidade Pública.